Por Moema Costa Freitas.
Apesar de a maior parte dos escravos não saber ler nem escrever, isso não significava que não tivessem cultura. Eles trouxeram para o Brasil seus hábitos, suas crenças, suas formas de expressão religiosa e artística, além de terem conhecimentos próprios sobre técnicas de plantio e de produção. Entretanto, a violência e a rigidez do regime de escravidão não permitiam que os negros tivessem acesso à educação. Foi somente em 13 de maio de 1888 que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, libertando todos os escravos. Mas para muitos essa liberdade não poderia mais ser aproveitada como deveria. Após anos de dominação, os negros foram lançados numa sociedade preconceituosa, de forma desarticulada, sem dinheiro, sem casa, sem comida, sem nenhuma condição de se estabelecer.
Na contramão da ausência e do esquecimento o negro não foi ausente na literatura brasileira, a Sabina de Machado de Assis retratava a temática do mestiço, Gonçalves Dias era mestiço branco e negro segundo o mesmo.
Itamar Assumpção, músico, afro brasileiro assumido, filho de pai de santo, é considerado um maldito, com letras inteligentes revolucionou sua época (e ainda revoluciona). No cinema Zózimo Bubul é retratado, o cinema de um guerreiro que revela a paixão pela cultura negra e a arte de documentar. Nos pontos riscados e cantados do candomblé que nascia a arte de Abdias Nascimento fundador do teatro experimental do negro, o zumbi da resistência negra.
A sociedade anônima está formada, dentre milhões de almas eu só tive coragem de retratar algumas, pois não há espaço nem argumento de minha parte.
Em memória apenas um ponto histórico.
Seja racista...
Mas existem certas
Coisas
Que só os NEGROS
Entendem.
Existe um tipo de amor
Que só os negros
Possuem,
Existe uma marca no
peito
Que só os NEGROS
Se vê,
Existe um sol
Cansativo
Que só os NEGROS
Resistem.
Não é que eu
Seja racista...
Mas existe uma
História
Que só os negros
Sabem contar
...Que poucos podem entender.
Éle Semog -Ponto Histórico- Poesia e arte de crioulo 1979