quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Negros S.A

Por Moema Costa Freitas.

Apesar de a maior parte dos escravos não saber ler nem escrever, isso não significava que não tivessem cultura. Eles trouxeram para o Brasil seus hábitos, suas crenças, suas formas de expressão religiosa e artística, além de terem conhecimentos próprios sobre técnicas de plantio e de produção. Entretanto, a violência e a rigidez do regime de escravidão não permitiam que os negros tivessem acesso à educação. Foi somente em 13 de maio de 1888 que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, libertando todos os escravos. Mas para muitos essa liberdade não poderia mais ser aproveitada como deveria. Após anos de dominação, os negros foram lançados numa sociedade preconceituosa, de forma desarticulada, sem dinheiro, sem casa, sem comida, sem nenhuma condição de se estabelecer.

Na contramão da ausência e do esquecimento o negro não foi ausente na literatura brasileira, a Sabina de Machado de Assis retratava a temática do mestiço, Gonçalves Dias era mestiço branco e negro segundo o mesmo.

Itamar Assumpção, músico, afro brasileiro assumido, filho de pai de santo, é considerado um maldito, com letras inteligentes revolucionou sua época (e ainda revoluciona). No cinema Zózimo Bubul é retratado, o cinema de um guerreiro que revela a paixão pela cultura negra e a arte de documentar. Nos pontos riscados e cantados do candomblé que nascia a arte de Abdias Nascimento fundador do teatro experimental do negro, o zumbi da resistência negra.

A sociedade anônima está formada, dentre milhões de almas eu só tive coragem de retratar algumas, pois não há espaço nem argumento de minha parte.

Em memória apenas um ponto histórico.

Não é que eu

Seja racista...

Mas existem certas

Coisas

Que só os NEGROS

Entendem.

Existe um tipo de amor

Que só os negros

Possuem,

Existe uma marca no

peito

Que só os NEGROS

Se vê,

Existe um sol

Cansativo

Que só os NEGROS

Resistem.

Não é que eu

Seja racista...

Mas existe uma

História

Que só os negros

Sabem contar

...Que poucos podem entender.

Éle Semog -Ponto Histórico- Poesia e arte de crioulo 1979